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depoimento pessoal

Page history last edited by PBworks 17 years, 6 months ago

MEU DEPOIMENTO PESSOAL

 

 

Em agosto de 2001, quando estava caminhando com uma amiga, comecei a sentir uma tontura estranha, parecia que eu ia cair. Dava e passava. Não liguei.

Quando eu escrevia no quadro, parecia que o quadro balançava. Achava aquilo esquisito, mas não fiz conta. Passou setembro e outubro e seguidamente me dava aquelas tonturas. Em novembro, elas começaram a aumentar até que um dia na sala de aula, olhava para os alunos e eles giravam, olhava para os cadernos e as letras embaralhavam; mesmo sentada, tinha a sensação que ia cair. Eram 10 horas da manhã. Pedi para ir para casa. Fiquei quase meia hora parada na frente da escola sem coragem de atravessar a rua, porque tinha medo de não conseguir, cair e ser atropelada. Quando cheguei em casa, chorei muito. Eu já vinha tendo crises de choro, mas pensava que era chorona de natureza. Me olhava no espelho e a imagem era toda embaraçada. Pensei que tivesse um tumor na cabeça e estava afetando o cérebro.

Marquei consulta com um neurologista. Ele me medicou para labirintite. Passado 10 dias estava tudo na mesma. Voltei no consultório aos prantos. Ele me internou e pediu tomografia. Tudo normal. Dei alta e troquei de médico.

Contei para ele tudo o que estava acontecendo e ele imediatamente me disse que isso era depressão e me receitou um antidepressivo e me deu 30 dias de laudo médico. Aí me explicou que a depressão apresenta sintomas emocionais e físicos e que a minha tontura era um sinal.

Fiquei 15 dias sem sair de casa. Chorava muito. A melhora é muito lenta. Não acompanhava minha filha na escola, na época com 5 anos. Não queria sair, não tinha vontade de fazer nada. Interessante era é que dentro da minha casa eu não tinha mais tonturas, mas quando saia, elas apareciam, como se dentro de minha casa eu me sentisse segura, protegida. Quando comecei a sair, saia de mãos dadas com minha filha, parecia que aí nada ia me acontecer, tamanha era minha fragilidade.

Meados de dezembro voltei a trabalhar, bem melhor. Tomei antidepressivos por dois anos com acompanhamento médico, ajuste de doses. Achando que estava bem, fui diminuindo o antidepressivo por conta própria e abandonei o tratamento. Afinal, eu estava muito bem.

Final de 2005, as coisas começaram a complicar. Tinha vontade de chorar sem motivo aparente. Comecei a ter muito enjôo. No início deste ano letivo, enjoava muito, pior que mulher grávida. Perdi muito quilos, pois quase não comia. Pensei: devo estar muito doente. Vou morrer. Procurei um médico especialista na área digestiva. Fiz um punhado de exames. Tudo estava bem. Então, com a maior cara de pau, voltei no médico que tinha me tratado para a depressão e contei o que estava acontecendo novamente. E o veredito foi novamente depressão. O médico me disse que jamais deveria ter abandonado o tratamento. Começamos tudo de novo. Me receitou um antidepressivo que me dava muita fome. Trocamos e eu voltei a tomar o mesmo que tomava anteriormente. Mas eu estava com um ponto a meu favor: já fazia um ano que eu estava em tratamento com a psicóloga. Ela, inclusive, até me encaminhou a um psiquiatra para uma avaliação e ele disse que o meu tratamento estava correto.

Resumindo, continuo com o antidepressivo, com o tratamento com a psicóloga a cada 15 dias, faço seções de Reiki a cada 15 dias, mas já fiz semanalmente, e hoje me sinto muito bem, mas com a consciência de que não posso ficar sem o remédio. O meu médico defende a tese de que se é preciso tomar medicamento a vida inteira para se ter uma qualidade de vida, deve-se tomar. Atualmente me sinto uma pessoa feliz, com vontade de viver, de trabalhar, de dançar, voltei para a academia que também tinha abandonado.

Tenho uma dor crônica nas costas há muito tempo,detectada como fibromialgia. Hoje sei que tudo isso é da depressão. Realizando a pesquisa do projeto, descobri muitas coisas que eu não sabia, como por exemplo, que o hipotireoidismo é uma causa da depressão e eu tenho este problema, tenho que tomar remédio para a tireóide todos os dias para o resto da minha vida, pois tomei iodo radioativo para destuir minha tireóide, então o medicamento repõe o que a tireóide deveria fazer. Tive uma avó depressiva, meu pai é depressivo e agora também já sei que uma das causas é a hereditariedade.

Para mim, a depressão de manifesta com sintomas emocionais e também físicos. Isso é muito complicado, porque a gente pensa que está muito doente e que vai morrer. Mas, felizmente a depressão é tratável e hoje tenho consciência da necessidade do acompanhamento médico e psicológico e, depois de tudo o que passei, podem ter certeza que jamais abandonarei o tratamento outra vez. Sempre tive a compreensão, o carinho e o apoio da minha família, mas os amigos e colegas de trabalho acham que a gente não tem motivos para entrar em depressão, que temos uma família, um trabalho, uma vida social,enfim, ninguém entende isso, só quem passa para saber e podem ter certeza que isto tudo foge do nosso controle, é alheio a nossa vontade, afinal, ninguém quer ficar doente e entrar em depressão. As pessoas ficam dizendo que a gente precisa sair, conversar, ver pessoas, passear, mas não existe forças e vontade para isso. Ninguém entende o que se passa no emocional de um depressivo.

Quando ganhei minha filha em 1996, já tive depressão pós-parto, mas eu não sabia, hoje eu sei que era, mas nunca foi tratado, por isso evoluiu tanto. Depois que ganhei ela, eu chorava muito em casa, com medo de não saber cuidar, não queria ficar sozinha com ela, tinha medo de tudo, fiquei tão anciosa que só consegui amamentar por 30 dias e o leite secou. Hoje, sei que isso já era sinal de depressão, mas como não conhecia muito a doença, não associei. Inclusive os remédios que me deram para tomar após o parto, eram tranquilizantes e eu não percebi. Quanta ignorância a minha. Poderia ter tratado logo.

Sou uma pessoa muito emotiva, me deixo afetar facilmente pelos acontecimentos, acho que é uma característica própria do depressivo. Fico martelando as coisas na minha cabeça. Sou insegura, indecisa, preciso sempre de opiniões de alguém. Costumo não me valorizar e me sentir pequena diante de certas pessoas. Não enfrento os problemas e dificuldades de frente. Hoje em dia, depois de muita terapia, acho que já estou aprendendo a caminhar com as próprias pernas. Reconheço que mudei muito, mas ainda preciso melhorar muito. Mas não vou desistir jamais.

O médico me falou que não existe um motivo x para a pessoa entrar em depressão. É uma série de acontecimentos que vão se acumulando até que um dia explode. Bom,esta é a minha contribuição pessoal para o nosso projeto. Esta é a minha história.

As fotos acima são da minha família: meus pais, minha irmã, meu marido, minha filha e meus cachorros. Hoje posso dizer que já superei tudo isso e sou feliz...

 

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